Manutenção Baseada na Condição para Transformadores: Ferramentas e Implementação
- Augusto Moser

- 21 de jun.
- 5 min de leitura
Atualizado: 28 de jun.

No campo dos sistemas de potência, os transformadores são ativos vitais, mas vulneráveis. Sua confiabilidade é fundamental, e sua falha pode ser cara. As estratégias tradicionais de manutenção geralmente dependem de cronogramas fixos, mas podem ser ineficientes e podem não evitar falhas inesperadas. A Manutenção Baseada na Condição (CBM) oferece uma abordagem proativa, adaptando ações de manutenção à condição real do transformador. Este artigo explora a CBM, suas principais ferramentas e um plano de implementação prático, tirando insights dos folhetos técnicos da CIGRE 445, "Guia para Manutenção de Transformadores" e 761, "Avaliação da Condição de Transformadores de Potência".
O que é a Manutenção Baseada na Condição?
A Manutenção Baseada na Condição é uma estratégia em que a manutenção é realizada com base na condição atual do equipamento, em vez de um cronograma predeterminado. Ao monitorar e avaliar a saúde do transformador, a CBM visa intervir apenas quando necessário, otimizando os esforços e custos de manutenção enquanto aumenta a confiabilidade. Ao contrário da Manutenção Baseada no Tempo (TBM), que ocorre em intervalos fixos, independentemente da condição, a CBM usa dados em tempo real para determinar quando a ação é necessária, reduzindo intervenções desnecessárias e concentrando recursos onde eles são mais necessários.
Principais ferramentas para a CBM em Transformers
A CBM depende de técnicas de monitoramento da condição para avaliar a saúde do transformador. A seguir estão as principais ferramentas destacadas nos folhetos do CIGRE:
Análise de Gases Dissolvidos (DGA)
DGA é a pedra angular da CBM, analisando gases dissolvidos no óleo isolante do transformador para detectar falhas incipientes, como superaquecimento, arcos ou descargas parciais. Padrões como IEC 60599 e IEEE C57.104 orientam a interpretação, tornando a DGA uma ferramenta de diagnóstico amplamente reconhecida para detecção precoce de falhas.
Testes de Óleo
Além da DGA, os testes de óleo avaliam propriedades como teor de umidade, acidez e resistência dielétrica. Esses testes fornecem informações sobre a condição do óleo e, indiretamente, a saúde geral do transformador, pois a degradação do óleo pode acelerar o desgaste do isolamento.
Testes Elétricos
Testes como resistência de isolamento, fator de potência (ou fator de dissipação) e medições de resistência de enrolamento avaliam a integridade dielétrica e elétrica do transformador. Estes são normalmente realizados offline, mas são essenciais para identificar a degradação do isolamento.
Monitoramento Térmico
Técnicas como a termografia detectam aquecimento anormal ou pontos quentes, indicando problemas como conexões ruins ou ineficiências do sistema de refrigeração. Este método não invasivo é valioso para avaliações em serviço.
Inspeções Visuais
Verificações físicas regulares identificam sinais visíveis de deterioração, como vazamentos de óleo, corrosão ou componentes danificados. Embora subjetivas, essas inspeções complementam diagnósticos mais técnicos.
Sistemas de Monitoramento On-Line
O monitoramento contínuo usando dispositivos eletrônicos inteligentes (IEDs) rastreia parâmetros como níveis de gás, umidade e temperatura em tempo real. Esses sistemas fornecem avisos antecipados de deterioração, permitindo intervenções oportunas e reduzindo o risco de falha catastrófica.
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Índices de Avaliação de Transformadores
Um aspecto fundamental da CBM é consolidar os dados de condição em insights. Os Índices de Avaliação de Transformadores (TAIs), conforme detalhado no folheto 761, atribuem pontuações aos transformadores com base nos dados de condição, classificando-os para priorização da manutenção. Os TAIs podem ser adaptados a objetivos específicos (por exemplo, substituição ou reforma) e usar matrizes de pontuação para garantir uma avaliação consistente dos modos de falha - como degradação térmica, dielétrica ou mecânica - em uma frota.
Plano de Implementação para CBM
A implementação da CBM para transformadores envolve uma abordagem estruturada. Abaixo está um plano prático baseado na orientação dos folhetos do CIGRE:
Entenda a Sua Frota de Transformadores
Ação: Crie um inventário de todos os transformadores, documentando especificações (por exemplo, tipo, classificação, idade), histórico de serviço e condições operacionais.
Objetivo: Fornece uma linha de base para avaliar a condição e planejar a manutenção.
Identifique os Transformadores Críticos
Ação: Avalie a criticidade com base em fatores como importância operacional, riscos de segurança e consequências de falhas (por exemplo, impacto ambiental ou confiabilidade do sistema).
Objetivo: Prioriza os esforços da CBM em transformadores onde a falha teria o maior impacto.
Determine Modos de Falha Potenciais
Ação: Identifique os modos de falha comuns para cada tipo de transformador, como degradação térmica na parte ativa, ruptura dielétrica nas buchas ou desgaste mecânico do comutador.
Objetivo: Orienta a seleção de ferramentas de monitoramento apropriadas.
Selecione Técnicas de Monitoramento da Condição
Ação: Escolha ferramentas com base nos modos de falha, por exemplo, DGA para falhas térmicas, testes de fator de potência para problemas dielétricos ou Análise de Resposta de Frequência (FRA) para integridade mecânica.
Objetivo: Garante que o monitoramento esteja alinhado com os riscos específicos de cada transformador.
Estabelecer Linhas de Base e Limites
Ação: Faça medições iniciais (por exemplo, durante o comissionamento ou pós-manutenção) para estabelecer condições "normais" e, em seguida, defina limites usando padrões (IEC, IEEE) ou diretrizes do fabricante.
Objetivo: Define quando uma condição justifica a ação.
Implemente um Cronograma de Monitoramento
Ação: Programe testes periódicos (por exemplo, AGD anual, inspeções visuais mensais) e instale sistemas de monitoramento on-line para unidades críticas.
Objetivo: Equilibra a minuciosidade com a praticidade, garantindo a coleta oportuna de dados.
Colete e Gerencie Dados
Ação: Use um Sistema de Gerenciamento de Manutenção (MMS) ou software similar para armazenar e organizar dados de condição.
Objetivo: Facilita a análise e o rastreamento de tendências ao longo do tempo.
Analise Dados e Avalie a Condição
Ação: Analise os dados usando a análise de tendências, ferramentas de diagnóstico (por exemplo, Triângulo de Duval para DGA) ou TAIs para pontuar e classificar transformadores.
Objetivo: Traduz dados brutos em um quadro claro da saúde do transformador.
Tome Decisões de Manutenção
Ação: Decida sobre ações com base nas avaliações — nenhuma ação para unidades saudáveis, reparos menores para pequenos problemas ou reforma/substituição para condições críticas.
Objetivo: Direciona intervenções de forma eficaz, otimizando o uso de recursos.
Feedback e Melhoria
Ação: Revise os resultados das ações de manutenção e falhas (por exemplo, via análise post-mortem) para refinar técnicas de monitoramento e limites.
Objetivo: Melhora a precisão e eficácia do programa de CBM ao longo do tempo.
Desafios e Considerações
A implementação da CBM não está isenta de desafios. A qualidade dos dados pode variar, com informações ausentes ou desatualizadas comuns em grandes frotas. O julgamento de especialistas é frequentemente necessário para interpretar resultados complexos, como padrões da DGA. Além disso, investir em sistemas de monitoramento on-line e gerenciamento de dados pode ser custoso, embora justificado pelos altos riscos de falha do transformador. A CBM é um processo contínuo, exigindo refinamento constante para se adaptar a novos insights e tecnologias.
Conclusão
A Manutenção Baseada na Condição transforma a gestão de transformadores, aproveitando dados de condição em tempo real para orientar decisões de manutenção. Com ferramentas como a DGA, testes de óleo e monitoramento on-line, e conceitos como TAIs, as concessionárias e industrias podem melhorar a confiabilidade, reduzir custos e priorizar intervenções de forma eficaz. Seguindo um plano de implementação estruturado, os gestores de ativos podem evoluir de uma manutenção reativa para proativa, garantindo sistemas de potência robustos e eficientes para o futuro.
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Referências
CIGRE, "Guide for transformer maintenance" (445), 2011.
CIGRE, "Condition Assessment of Power Transformers" (761), 2019.





