Manutenção Preventiva para Transformadores de Potência
- Augusto Moser

- 18 de jul.
- 7 min de leitura

No campo da gestão de ativos, especialmente para equipamentos críticos como transformadores de potência, as estratégias de manutenção são essenciais para garantir confiabilidade, segurança e custo-benefício. Entre essas estratégias, a Manutenção Preventiva ou Manutenção Baseada no Tempo (TBM) é uma das abordagens mais tradicionais e amplamente utilizadas. Este artigo explora a TBM em detalhes, explicando seu propósito, como funciona, e suas vantagens e limitações. Além disso, oferece insights sobre a Manutenção Corretiva, distinguindo entre trabalhos menores e maiores, e discute como a TBM pode ajudar a reduzir a necessidade de tais medidas reativas.
O que é Manutenção Preventiva ou Manutenção Baseada no Tempo (TBM)?
A Manutenção Baseada no Tempo (TBM) é uma estratégia de Manutenção Preventiva onde as atividades de manutenção são realizadas em intervalos predeterminados, independentemente da condição real do equipamento. Esses intervalos são tipicamente baseados em tempo (por exemplo, a cada seis meses) ou uso (por exemplo, após um certo número de horas de operação). O principal objetivo da TBM é prevenir falhas de equipamentos, realizando manutenção ou substituindo componentes antes que eles provavelmente falhem, com base em dados históricos, recomendações do fabricante ou padrões da indústria.
A TBM é frequentemente contrastada com estratégias mais avançadas, como a Manutenção Baseada na Condição (CBM), que depende do monitoramento de condição em tempo real para determinar quando a manutenção é necessária, e a Manutenção Centrada na Confiabilidade (RCM), que se concentra em identificar e abordar modos de falha específicos. Embora a CBM e a RCM possam ser mais eficientes em certos contextos, a TBM permanece popular devido à sua simplicidade e facilidade de implementação.
Como Funciona a TBM?
Determinando Intervalos de Manutenção
O sucesso da TBM depende da definição de intervalos de manutenção apropriados. Esses intervalos são tipicamente determinados usando:
Recomendações do fabricante: Fornecedores de equipamentos geralmente fornecem diretrizes sobre quando realizar manutenção com base em seu design e testes.
Dados históricos: Organizações podem analisar dados de falhas passadas para identificar padrões e definir intervalos adequadamente.
Padrões da indústria: Setores como geração de energia ou aviação frequentemente têm cronogramas de manutenção padronizados com base em experiências coletivas.
Por exemplo, um fabricante de transformadores pode recomendar a substituição de componentes específicos a cada 10 anos ou após 100.000 horas de operação. Alternativamente, é seguido um cronograma de manutenção anual, prática bem estabelecida pela indústria.
Tipos de Atividades Gerais de Manutenção
A TBM engloba uma gama de atividades, incluindo:
Inspeções: Verificações regulares para identificar desgaste, danos ou outros sinais de deterioração.
Lubrificação: Garantir que peças móveis estejam devidamente lubrificadas para reduzir atrito e desgaste.
Limpeza: Remover sujeira, detritos ou contaminantes que possam afetar o desempenho.
Ajustes: Ajustar finamente as configurações do equipamento para manter a operação ideal.
Substituições: Trocar componentes que provavelmente falharão em breve, mesmo que ainda estejam funcionando.
Essas atividades combinadas com testes elétricos, Análise de Gases Dissolvidos (DGA) e Análise de Qualidade do Óleo (OQA) são programadas em intervalos fixos, com o objetivo de detectar possíveis problemas antes que levem a falhas.
Papel dos Testes Elétricos, DGA e OQA na TBM
Testes Elétricos
Propósito: Testes elétricos, como resistência de isolamento, fator de potência (ou fator de dissipação), resistência do enrolamento e testes de relação de espiras, avaliam a integridade dielétrica e elétrica do sistema de isolamento e dos enrolamentos do transformador. Esses testes ajudam a identificar problemas como degradação do isolamento, falhas nos enrolamentos ou conexões ruins.
Papel na TBM: Em uma estratégia de TBM, os testes elétricos são tipicamente realizados em intervalos regulares (por exemplo, anualmente ou a cada poucos anos) com base nas recomendações do fabricante, padrões da indústria (por exemplo, IEC ou IEEE) ou histórico operacional. Esses testes são preventivos, com o objetivo de detectar possíveis problemas antes que levem a falhas.
Exemplo: Um teste de fator de potência pode ser programado a cada dois anos para verificar a umidade ou contaminação do isolamento, mesmo que não haja suspeita de problemas.
Análise de Gases Dissolvidos (DGA)
Propósito: A DGA envolve a análise de gases dissolvidos no óleo isolante do transformador para detectar falhas incipientes, como superaquecimento, descargas parciais ou arcos elétricos. É uma ferramenta de diagnóstico chave, orientada por normas como IEC 60599 e IEEE C57.104.
Papel na TBM: A DGA é frequentemente incorporada aos cronogramas de TBM, com amostras de óleo coletadas em intervalos fixos (por exemplo, anualmente ou semestralmente) para monitorar os níveis e tendências de gases. A DGA regular ajuda a identificar sinais precoces de falhas, permitindo intervenções oportunas antes que ocorram falhas graves.
Exemplo: Uma concessionária pode programar a DGA a cada 12 meses para transformadores críticos, usando ferramentas como o Triângulo de Duval para interpretar os resultados e avaliar a gravidade da falha.
Análise de Qualidade do Óleo (OQA)
Propósito: A OQA avalia as propriedades físicas e químicas do óleo do transformador, como teor de umidade, acidez, rigidez dielétrica e tensão interfacial. Essas propriedades indicam a condição do óleo e sua capacidade de isolar e resfriar o transformador de forma eficaz.
Papel na TBM: A OQA é uma atividade padrão da TBM, tipicamente realizada em intervalos predeterminados (por exemplo, a cada 1–3 anos) para garantir que o óleo permaneça dentro dos limites aceitáveis. Óleo degradado pode acelerar o desgaste do isolamento, portanto, testes regulares ajudam a manter a saúde do transformador.
Exemplo: O teste de teor de umidade pode ser programado anualmente para prevenir ruptura dielétrica devido ao excesso de água no óleo.
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Benefícios e Desvantagens da TBM
Benefícios
Previsibilidade: A manutenção pode ser planejada com antecedência, permitindo um melhor agendamento de recursos, pessoal e tempo de inatividade.
Simplicidade: A TBM é direta para implementar e gerenciar, exigindo menos equipamentos de monitoramento sofisticados ou análise de dados em comparação com a CBM ou RCM.
Foco Preventivo: Ao abordar possíveis problemas antes que causem falhas, a TBM pode reduzir a frequência de quebras inesperadas.
Desvantagens
Potencial para Sobremanutenção: Como a TBM não leva em conta a condição real do equipamento, pode levar a manutenção desnecessária, aumentando custos e potencialmente introduzindo novos riscos (por exemplo, erro humano durante a manutenção).
Inflexibilidade: Intervalos fixos podem não se adaptar a condições operacionais variadas, o que significa que alguns equipamentos podem ser submanutencionados, se degradarem mais rápido do que o esperado, ou sobremanutencionados, se permanecerem em boas condições.
Insight Limitado: A TBM não fornece feedback em tempo real sobre a saúde do equipamento, o que pode ser uma desvantagem para ativos críticos onde a detecção precoce de problemas é crucial.
Manutenção Corretiva: Trabalhos Menores e Maiores
Embora a TBM vise prevenir falhas, ela não pode eliminá-las completamente. Problemas imprevistos, como defeitos de fabricação, condições ambientais extremas ou erros operacionais, ainda podem levar a quebras de equipamentos. É aqui que a Manutenção Corretiva entra em jogo.
A Manutenção Corretiva é uma abordagem reativa realizada após a ocorrência de uma falha. Ela pode ser categorizada em dois tipos:
Trabalhos Menores: Envolvem reparos ou ajustes de pequena escala que podem ser concluídos rapidamente com tempo de inatividade mínimo. Exemplos incluem apertar conexões soltas, substituir um fusível, ou consertar um pequeno vazamento.
Trabalhos Maiores: Referem-se a reparos extensivos, revisões ou até mesmo substituições completas de equipamentos. Trabalhos maiores são tipicamente necessários quando uma falha é grave, como uma falha catastrófica no enrolamento de um transformador, exigindo tempo de inatividade e recursos significativos.
Papel da Manutenção Corretiva
A Manutenção Corretiva é uma parte essencial de qualquer estratégia de manutenção, pois aborda falhas que não puderam ser prevenidas. No entanto, depender excessivamente de ações corretivas pode levar a maior tempo de inatividade, custos de reparo mais altos e potenciais riscos de segurança. Portanto, o objetivo das estratégias preventivas como a TBM é minimizar a necessidade de Manutenção Corretiva, especialmente trabalhos maiores.
Como a TBM Reduz a Necessidade de Manutenção Corretiva
Ao realizar manutenção regular em intervalos definidos, a TBM ajuda a:
Identificar e abordar desgaste antes que leve a falhas.
Substituir componentes envelhecidos que são mais propensos a falhar.
Manter condições operacionais ideais, reduzindo o estresse no equipamento.
Quando implementada de forma eficaz, a TBM pode diminuir significativamente a frequência e a gravidade das falhas, reduzindo assim a dependência da Manutenção Corretiva. No entanto, é importante reconhecer que a TBM não é infalível. Falhas ainda podem ocorrer devido a fatores fora do escopo da manutenção regular, como falhas de projeto ou eventos extremos. Nesses casos, ter um plano robusto de Manutenção Corretiva é crucial para restaurar rapidamente o equipamento ao serviço e minimizar interrupções operacionais.
Integrando a TBM em uma Estratégia Equilibrada
Apesar de a TBM apresentar eficácia em diversos contextos, não se configura como uma solução universal. Para ativos críticos como transformadores de potência, uma abordagem de manutenção equilibrada que integre a TBM com outras estratégias, como a Manutenção Baseada na Condição (CBM) ou a Manutenção Centrada na Confiabilidade (RCM), pode oferecer os melhores resultados.
TBM fornece uma base sólida de cuidados preventivos regulares.
CBM adiciona monitoramento em tempo real para detectar problemas precocemente, permitindo intervenções mais direcionadas.
RCM garante que os esforços de manutenção sejam focados nos modos de falha mais críticos.
Ao combinar essas abordagens, as organizações podem otimizar a confiabilidade do equipamento enquanto gerenciam os custos de forma eficaz. Além disso, ter um processo bem definido de Manutenção Corretiva garante que, quando falhas ocorrerem, elas possam ser abordadas de forma rápida e eficiente.
Conclusão
A Manutenção Baseada no Tempo (TBM) é uma estratégia preventiva valiosa que ajuda a reduzir falhas de equipamentos por meio de atividades de manutenção regulares e programadas. Sua previsibilidade e simplicidade a tornam uma escolha popular, especialmente para organizações com grandes frotas de ativos similares. No entanto, a TBM tem limitações, como o potencial para sobremanutenção e sua incapacidade de se adaptar às condições do equipamento em tempo real.
A Manutenção Corretiva, englobando tanto trabalhos menores quanto maiores, continua sendo um componente necessário de qualquer programa de manutenção para lidar com falhas inesperadas. Embora a TBM possa reduzir a frequência dessas falhas, ela não pode eliminá-las completamente. Portanto, uma estratégia de manutenção abrangente deve integrar a TBM com outras abordagens, garantindo que o equipamento seja mantido proativamente enquanto se está preparado para responder eficazmente quando ações corretivas são necessárias.
Ao entender as forças e limitações da TBM e da Manutenção Corretiva, os gestores de ativos podem desenvolver um programa de manutenção equilibrado e eficiente que maximize a confiabilidade e minimize os custos.
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Referências
CIGRE, "Guide for transformer maintenance" (445), 2011.





